domingo, 22 de março de 2009

Como Tudo Começou


A história da capoeira começa no século XVI, na época em que o Brasil era colônia de Portugal. A mão-de-obra escrava africana foi muito utilizada no Brasil, principalmente nos engenhos (fazendas produtoras de açúcar) do nordeste brasileiro. Muitos destes escravos vinham da região de Angola, também colônia portuguesa. Os angolanos, na África, faziam muitas danças ao som de músicas.
Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do-mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta. Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim a capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros.A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta.Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro. A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.

Historia da Regional



Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado) filho de Luís Cândido Machado e Maria Martinha do Bonfim, nasceu no bairro de Engenho Velho, freguesia de brotas, Salvador - Bahia em 23 de novembro de 1900. Recebeu esse apelido devido a uma aposta que sua mãe fizera com a parteira que o "aparou". Ao contrário do que dona Martinha achava, a parteira disse que se nascesse menino, receberia o apelido de "Bimba" por se tratar, na Bahia, de um nome popular do órgão sexual masculino. Começou a praticar Capoeira aos 12 anos de idade na estrada das boiadas, hoje o bairro negro da liberdade, com o africano Bentinho, capitão da navegação baiana. Foi estivador durante 14 anos e começou a ensinar capoeira aos 18 anos de idade no bairro onde nasceu no "Clube União em Apuros". Até 1918 não existiam esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato. Consideramos ineficaz e muito folclorizada a capoeira da época, devido aos fatos de os movimentos serem extremamente disfarçados, mestre Bimba resolver desenvolver um estilo de capoeira mais eficiente, inspirando-se no antigo "Batuque" (luta na qual seu pai era um grande lutador- considerado até um campeão) e acrescentando a sua própria criatividade, introduziu movimentos que ele julgava necessário para que a capoeira fosse mais eficaz. Então em 1928, mestre Bimba criou o que ele denominou "Capoeira Regional Baiana" por ser está praticada única exclusivamente em Salvador. A partir da década de 30, com a implantação do estado novo, o Brasil atravessou urna fase de grandes transformações políticas e culturais, onde as idéias nacionalistas e de modernização ficaram em evidência. Nesse contexto, surge a oportunidade de Mestre Bimba fazer com que seu novo estilo de capoeira alcançasse as classes sociais mais privilegiadas. Em 1936 fez a primeira apresentação do seu trabalho e no ano seguinte (ai convidado pelo governador da Bahia, o General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no Palácio do Governador onde estavam presentes autoridades e convidados. Dessa forma a capoeira foi reconhecida como "esporte nacional" e Mestre Bimba foi reconhecido pela Secretaria Ed. Ass. Pública do Estado da Bahia como professor de educação física e sua academia foi a primeira no Brasil reconhecida por lei.

Historia da Angola








Elementos da Capoeira Angola
Já dizia o Mestre Pastinha, "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta." Mas atualmente a Capoeira é normalmente praticada como um esporte ou simplesmente folclore para perservar as tradições.
É claro que entre os praticantes sérios, em seus treinos, os golpes são apenas simulados e a Capoeira torna-se um exercício físico e mental. A violência dos seus golpes, no entanto, não deixa espaço para meio termo; ou joga-se Capoeira 'para valer', com as suas sérias consequências ou apenas simula-se um jogo. A possibilidade de enquadrá-la em regras esportivas é inexistente; quem assim o faz está sendo leviano ou não conhece de fato a Capoeira. Os Golpes A Capoeira Angola tem um número relativamente pequeno de golpes que podem, no entanto, atingir uma harmoniosa complexidade através de suas variações. Assim como a música tem apenas sete notas .Os seus principais golpes são: Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão. A MúsicaA Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os capitães-do-mato. No início esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau (foto), instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior.O Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, conduzindo o jogo com o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos - lento, moderado e rápido são indicados pelos toques do Berimbau. Entre os mais conhecidos estão o São Bento Grande, o São Bento Pequeno (mais rápido), Angola, Santa Maria, o toque de Cavalaria (que servia para avisar a chegada da polícia), o Amazonas e o Iuna.Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por: três berimbaus (um grave - Gunga; um médio e um agudo - Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda ladainhas que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira. O Jogo "Capoeira é um diálogo de corpos, eu venço quando o meu parceiro não tem mais respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da Capoeira na forma amistosa, ou seja, na roda é verdadeiramente um diálogo de corpos. Dois capoeiristas se benzem ao pé do Berimbau e iniciam um lento balé de perguntas e respostas corporais, até que um terceiro 'compre o jogo' e assim desenvolve-se sucessivamente até que todos entrem na roda. A Malícia Elemento básico da Capoeira Angola, a malícia ou mandinga a torna ainda mais perigosa. Essa malandragem que faz que vai e não vai, retira-se e volta rapidamente; essa ginga de corpo que engana o adversário, faz o diferencial da Capoeira em relação às outras artes marciais. Essa é uma característica que não se aprende apenas treinando. MestresVicente Ferreira Pastinha (1889-1982) - Mestre Pastinha, "mestre da Capoeira de Angola e da cordialidade baiana, ser de alta civilização, homem do povo com toda a sua picardia, é um dos seus ilustres, um de seus obás, de seus chefes. É o primeiro em sua arte; senhor da agilidade e da coragem..." Jorge Amado. Baiano de Salvador, do Pelourinho, Pastinha foi o grande mestre da Capoeira Angola, aperfeiçoando a arte centenária dos escravos. Ele organizou uma escola, estabeleceu um método de ensino com base nas antigas tradições e ainda escreveu o primeiro livro do gênero, onde expõe a sua concepção filosófica. Foi com o Mestre Pastinha que foram instituidas as cores amarelo e preto para o uniforme dos angoleiros e a constituição da bateria composta por três berimbaus, dois pandeiros, um atabaque, um reco-reco e um agogô. "Capoeira é tudo o que a boca come", dizia ele na sua singular filosofia. Formou capoeiristas como João Grande, João Pequeno, Curió e tantos outros.
Antônio Carlos MoraesMestre CaiçaraUma das lendas da Capoeira; sua história mais parece tirada de livros de ficção. Numa época em que o Pelourinho não tinha o glamour de hoje, Mestre Caiçara ditava as regras num território de prostitutas e cafetões; de traficantes e malandros. Todos tinham que pedir a sua benção. Gravou um dos principais discos da Capoeira Angola onde exemplifica os diversos toques de berimbau, além de cantar ladainhas e sambas de roda. Faleceu em agosto de 1997. (João Pereira dos Santos Mestre João Pequeno) Aluno do Mestre Pastinha e um dos mais antigos e importantes mestres da Capoeira Angola em atividade. Pela academia do Mestre João Pequeno, no Centro Histórico de Salvador, passaram alguns dos principais angoleiros da nova geração. É possível vê-lo quase todas as noites jogando e ensinando a tradicional arte da Capoeira. Academia de Capoeira Angola de Mestre João Pequeno Centro de Cultura Popular Forte de Santo Antônio - Santo Antônio além do Carmo Salvador - Bahia
João Oliveira dos Santos Mestre João Grande . Um dos principais díscipulos do mestre Pastinha. Por mais de 40 anos o Mestre João

Grande tem praticado e ensinado Capoeira Angola. Ele viajou para África, Europa e América do Norte, onde ensina atualmente, em sua academia na cidade de New York. De lá ele continua mantendo o intercâmbio com a Bahia e acompanhando a movimentação da Associação Brasileira de Capoeira Angola.

O Que é Maculelê





Era em Santo Amaro da Purificação, no recôncavo baiano, que se dançava o Maculelê, dentro das celebrações profanas locais, comemorativas do dia de Nossa Senhora da Purificação (2/Fev.), a santa padroeira da cidade. No restante do estado da Bahia, desconhecia-se o folguedo. Essa manifestação de forte expressão dramática, ponto alto dos folguedos populares, destinava-se a participantes do sexo masculino que dançavam em grupo, batendo as grimas (bastões) ao ritmo dos atabaques e ao som de cânticos em linguagem popular, ou em dialetos africanos. Originalmente, o Maculelê era coreografado em círculo, com uma dupla de participantes dançando no centro, comandada pelo mestre. Atualmente, adaptou-se a dança para exibições folclóricas.
O Maculelê passou a ser coreografado com uma entrada em fila indiana e com os figurantes fazendo evoluções em duplas. Dentre todos os folguedos existentes em Santo Amaro, cidade marcada pelo verde dos canaviais, o Maculelê era o mais rico em cores. Seu ritmo vibrante contagiava a todos. De impressionante efeito plástico, o Maculelê pode ser coreografado com bastões, facões ou até com bastões terminando em chamas. Os participantes se apresentam com vistosas fantasias e pinturas pelo corpo, inspiradas nas tribos africanas. A fantasia do Maculelê conta de uma espécie de sarongue feito com um tipo de "palha". Ao centro, participantes se apresentam com os rostos cobertos pelo mesmo material. Com os troncos nus, os figurantes do Maculelê ganham maior amplitude de movimentos para a prática da dança. Há quem diga que o Maculelê era um divertimento que os escravos praticavam nas senzalas, mas na verdade, são contraditórias e pouco esclarecidas suas origens. Tem-se como um ato popular de origem africana que teria florescido no século XVIII nos canaviais santo-amarense e que se integrara, há mais de duzentos anos, nas comemorações daquela cidade. Um dos seus registros mais significativos consta de nota fúnebre publicada pelo jornal "O Popular" (10/Dez/1873), que circulava em Santo Amaro: "Faleceu no dia primeiro de dezembro a africana Raimunda Quitéria, com a idade de 110 anos. Apesar da idade, ainda capinava e varria o adro (terreno em volta) da igreja da Purificação, para as folias do Maculelê.No início deste século, com a morte dos grandes mestres de Maculelê daquela cidade, o folguedo começou a desaparecer, deixando de constar, por muitos anos, das festas da padroeira. Em 1943, outro mestre, Paulino Aluísio de Andrade, conhecido como Popó do Maculelê e considerado como "pai do Maculelê, no Brasil", reuniu parentes e amigos para ensiná-los a dançar, com base nas suas lembranças, pretendendo inclui-lo novamente nos festejos religiosos locais. Seu grupo passou a ser conhecido como "Conjunto de Maculelê de Santo Amaro".A respeito, a pesquisadora Hildegardes Vianna chama à atenção para uma remota referência quanto a existência de "uma dança esquisita de gente preta da roça, que aparecia nos festejos de N. S. da Purificação". Entretanto, é através dos estudos de Manoel Querino (1851-1923) que se encontram indicações de tratar-se o Maculelê de um fragmento de Cucumbi, uma dança dramática em que os negros batiam pedaços roliços de madeira, acompanhados por cantos. Em seu "Dicionário de Folclore Brasileiro", Luís da Câmara Cascudo aponta a semelhança do Maculelê com os Congos e Moçambiques. Emília Biancardi escreveu um livro de título "Olelê Maculelê", considerado como um dos estudos mais completos sobre o assunto.Os exemplos acima citados já servem para demonstrar o grau de incerteza que persiste com relação às possíveis interpretações sobre os primórdios do Maculelê. Mesmo considerando que já não vivem os praticantes primitivos dessa dança, devem por certo existir ainda valiosos documentos inéditos com dados esclarecedores, para subsidiar elaboração de hipóteses mais consistentes a respeito dessa manifestação, tão pouco estudada nos dias de hoje.

O Que é Puxada de Rede





Quadro inspirado no principal meio de vida do Litoral brasileiro, mostra as tradicionais pescas, conhecida como três maios que representa um dos principais meio de subsistência do negro logo após a escravidão. Hoje, representa um importante recurso natural renovável do Brasil, pouco valorizado. Quadro composto por homens que vão ao mar pescar e suas vidas na praia. A puxada de rede conta a história de um pescador que, ao sair para o mar em plena noite para trazer o sustento da família, despede-se de sua mulher que, tendo um mau pressentimento, o assusta dizendo dos perigos de sair à noite. Mas o pescador sai e a deixa chorando com seus filhos assustados. O pescador sai para o mar e leva consigo uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, seus companheiros de pesca e a bênção de Deus.Muito antes do horário previsto para a volta dos pescadores, que seria às 5 da manhã, a mulher do pescador, que ficara na praia esperando a hora do arrasto, teve uma visão um tanto quanto estranha. Ela vê o barco voltando com todos à bordo muito tristes e alguns até chorando. Quando os pescadores desembarcam, ela dá pela falta do marido e os pescadores dizem que ele caiu no mar por conta de um descuido e que devido à escuridão da noite, não foi possível encontrá-lo, ficando ele perdido na imensidão das águas.Ao amanhecer, quando foram fazer o arrasto da rede que ficara ao mar, os pescadores notaram que, por ter sido aquela uma noite de pouca pesca, a rede estava pesada demais. Ao chegar todo o arrasto à praia, já com o dia claro, todos viram no meio dos poucos peixes que vieram, o corpo do pescador desaparecido. A tristeza foi instantânea e o desespero tomou conta de todos ali presentes. Prosseguem-se então os rituais fúnebres do pescador sendo levado à sua morada eterna pelos amigos que estavam com ele no mar, sendo seu corpo carregado nos ombros, ao longo da praia.

O Que é Dança do Fogo






Dança feita em homenagem a XANGÔ, o Deus do Fogo e dos Trovões.
Esta é uma das danças mais conhecidas e apreciadas da maioria do povo. É uma dança onde se erguem tochas, dançando com elas, fazendo acrobacias, círculos, espirais, passando-as pelo corpo, deitando-se no chão, girando sobre elas, etc. Ao mesmo tempo em que dançam, acompanham o ritmo da música com o bater de pés e cantares e gritos de alegria.
A dança do fogo é um verdadeiro espetáculo, exigindo grande destreza e domínio técnico, ao mesmo tempo em que mostra a força e agilidade.